Num futuro próximo as casas de Detroit poderão ter os seus pavimentos revestidos de estrume. Investigadores da Universidade Estatal de Michigan e o Departamento da agricultura dos Estados Unidos dizem que a fibra resultante do estrume de vaca, processado e esterilizado poderá vir a substituir a serradura no fabrico de aglomerado. A sua utilização é generalizada, desde o mobiliário, a pavimento, a carpintarias de interiores como armários e prateleiras.
E o extraordinário é que o resultado final não cheira mal.
Os investigadores acreditam que esta poderá ser uma solução para os cerca de 900 biliões de toneladas anuais de desperdícios agrícolas.
Tradicionalmente os agricultores e criadores de gado utilizavam o estrume, espalhando-o pelos seus campos como fertilizante natural (adubo). Mas as quintas de gado actuais, especializaram-se e cresceram de tal forma, que se encontram numa situação em que não têm terra suficiente para a quantidade de estrume produzida.
Além de tudo isto, os terrenos agrícolas são, cada vez mais, ocupados para construção de habitações, e os seus residentes tendem a não apreciar os odores de um terreno recentemente adubado.
O professor de silvicultura Laurent Matuana, à esquerda, e o assistente de pós-doutoramento Omar Faruk, à direita, observam um compósito a ser extrudido no Natural Resources Building na Universidade Estatal de Michigan. O pedaço extrudido é derivado da madeira, no entanto o mesmo processo poderá ser realizado com um derivado do estrume. (AP Photo/Kevin W. Fowler)
De acordo com Tim Zauche, professor de química da Universidade de Wisonsin Platteville, os agricultores estão a gastar cada vez mais para tratar os dejectos dos seus animais, gastando até $200 por cabeça de gado.
Assim, como o aglomerado convencional derivado da madeira, o baseado em estrume também é resultado da combinação de fibras com resinas químicas, que são posteriormente submetidas a um misto de calor e pressão.
Gould e Laurent Matuana, professores de silvicultura na estadual de Michigan, têm trabalhado num estudo que permite afirmar, que até á data, os paineis de fibra processados com estrume têm uma excelente performance em testes mecânicos, igualando e até excedendo os valores dos painéis de partículas derivados da madeira.
Ainda assim e apesar de todos estes entraves parece-nos que esta é, sem dúvida, uma investigação que merece ser acompanhada. Uma vez devidamente optimizada a sua transformação, os derivados de estrume poderão contribuir para a resolução de dois graves problemas, a desflorestação e uso excessivo de derivados de madeira e os biliões de toneladas de desperdícios agrícolas produzidos anualmente. Desta forma caminhamos para uma situação, em que pisar dejectos, será algo positivo.